Sermão de Santo Antonio aos peixes: uma análise política e educacional na contemporaneidade
Padre
Antonio Vieira nasceu em Lisboa em 06/02/1608, ou seja, esse ano ele completou
205 aninhos! Ao estudarmos sua história, aprendemos com o escritor Massaud
Moisés que aos seis anos de idade, padre Antonio Vieira vem pela primeira vez
ao Brasil, e mais tarde ingressa no colégio Jesuítico na Bahia. Ordenando-se em
1634, logo alcança renome de pregador eloquente e culto. Viaja para Portugal
com objetivo de apoiar o novo monarca D. João IV. Em 1652 vai para o Maranhão e
dedica-se a catequese dos índios. Vieira sofreu muitas perseguições por suas ideias
Sebastianistas, por ser um homem que protegia os direitos de uma minoria e não
aceitava as mentiras e falsidade das pessoas que o cercavam. Foi preso e teve
seu direito de pregar cassado. Mas não adiantava, em tudo que fazia sempre se
destacava. Os problemas que ele tanto debatia em seus sermões ainda existem
como características humanas negativa. É por isso que Viera é um cânone
literário, suas mensagens ultrapassam os tempos.
Foi esse motivo
que levou a mim e a o colega de sala de aula Edwilson, a fazermos um estudo
baseado da seguinte idéia: “Sermão de Santo Antonio aos peixes: uma análise
política e educacional na contemporaneidade”.
Sermão de Santo Antônio aos peixes (1654)
“Este sermão que é todo alegórico pregou o
autor
três dias antes de se embarcar ocultamente
para o reino, a procurar o remédio da salvação
dos índios, pela causa
que se aponta no 1º sermão
do 1º Tomo (sermão da sexagésima).” (Citado por
Carneiro
em Suplemento Cultural e Literário JP 2009 p.75).
Capítulo I : Vos estis sal terrae
Temos aqui três momentos importantes na formulação
do sermão de Santo Antonio aos peixes: Conceito predicável : texto bíblico de onde foi
extraído o tema “vos estis sal terrae” para alcançar o objetivo do autor. Exórdio:
Momento em que Padre Vieira deixa claro a ideia a qual ele pretende defender
durante o sermão. E o evento que
aconteceu com a pregação de Santo Antônio na cidade de Arimino, na
Itália.
Capítulo II
“Enfim, que havemos de pregar
hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas
qualidades de ouvintes: ouvem e não falam”( capítulo II). Para quem já leu o
sermão, sabe que Santo Antonio quando vai pregar na cidade de Arimino, na
Itália, se retira da igreja devido o público se comportar de forma indecorosa.
Em resposta a atitude dos ouvintes, Santo Antônio vai para frente do mar e prega
aos peixes por serem bons ouvintes. Ao citar essa passagem, Vieira nos mostra
também que a sociedade a qual ele queria dirigir o sermão não era muito
diferente. Ele também compara os homens com os peixes, pelo fato dos peixes
comerem uns aos outros. O sermão diz o seguinte: “os homens com suas más e
perversas cobiças vêm a ser como peixes, que se comem uns aos outros”. Para
verificar essa ideia de Vieira, vamos fazer posteriormente uma ligação entre
políticos como peixes grandes (incluindo os líderes educacionais, das escolas
privadas), e os estudantes como peixes pequenos.
Natureza egoísta do homem
O
pregador faz no segundo capítulo referência a passagem bíblica no livro de
Jonas, fazendo uma comparação da atitude do peixe (salvou Jonas) e dos homens (laçaram
Jonas para ser comido pelos peixes). Louvor
e exortação ao peixe por salvar Jonas e em contradição, o homem que é um ser
racional se mostra egoísta e cruel. Como exemplo, ele usa a corrupção dizendo o seguinte: “Vós,
diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e
chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O
efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como
está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual
pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a
terra se não deixa salgar”. ( 1º capítulo).
A
corrupção na contemporaneidade
EX 1: No livro a “Privataria Tucana” o escritor
Amaury Ribeiro, reúne documentos secretos sobre, segundo ele, “o maior assalto
ao patrimônio público brasileiro”. Ex 2: Já o escritor Jurjo T. Santomé,
mostra os políticos se aliando a empresas, na chamada políticas neoliberais,
com o objetivo de transformar o sistema educacional em um modelo de mercado.
Isso nos leva ao seguinte pensamento: A terra continua sem se deixar salgar.
Na atualidade, o contraste e a dualidade que aparece no sermão de Padre
Vieira continuam vigente. O bem e o mal características da dicotomia do
Barroco, estão tão intensos quanto antes. Os políticos só pensam em seus
interesses e acabam fazendo o mal para a sociedade. Temos ainda mais dois exemplos:
No Rio, Marcelo Alencar vendeu o Banerj para o Itaú por 330 milhões, mas antes demitiu 6,2 mil dos 12
mil funcionários do banco estadual” ( RIBEIRO p.37 - 39); O escândalo do
mensalão (2005- 2006).
Capítulo
IV do Sermão: homens como
peixes, comem-se uns aos outros: “A primeira coisa, que me desedifica, peixes,
de vós é que vós comeis uns aos outros.(...). Não vos comeis uns aos outros,
senão que os grandes comem os pequenos.(...) Os homens com suas más e perversas
cobiças vêm a ser como os peixes, que se comem uns aos outros” (capítulo IV do
sermão). Quando direcionamos essa reflexão de Viera para a atualidade, podemos
considerar como peixes grandes os políticos e os líderes educacionais. O povo
representa os peixes pequenos. No entanto, direcionamos esse estudo a fim de
exemplificar apenas um grupo, já que seria muito amplo incluir os diversos
grupos sociais que sofrem com os líderes desse país. E por esse trabalho ser um
diálogo entre o Sermão de Santo Antônio aos Peixes, política e educação. Dessa
forma, vamos utilizar a categoria estudantil como representando os peixes
pequenos. Segundo Santomé “Nesse ambiente de competitividade existente nas
escolas, especialmente nas escolas privadas, a seleção dos estudantes torna-se
uma importante estratégia no tocante à sua promoção e publicidade. (SANTOMÉ p.
131). Devemos lembrar-nos das inúmeras vezes que encontramos nas avenidas as
imagens de estudantes que são utilizadas como “produto de divulgação” para
promoção de escolas por conseguirem aprovação nos vestibulares. A imagem do
aluno sendo usada como um marketing para a instituição.
Capítulo v do Sermão: Neste capítulo o padre Vieira
faz novamente referências aos peixes em particular. Os roncadores
representam à soberba e o orgulho; os pegadores
representam os parasitas; os voadores, a presunção e
ambição e por fim, o polvo, representando a traição. Para
o padre Vieira, essas características são pertencentes à natureza humana, porém,
como o sermão é uma alegoria, ele usa os peixes para transmitir suas ideias. É
fato que se o padre Vieira pudesse olhar hoje a sociedade, iria perceber que
seu sermão ainda é válido.
Referências
A literatura portuguesa através dos textos. Moisés, Massaud.
Suplemento Cultural e Literário JP: Guesa Errante. 2009.
A privataria Tucana. Ribeiro JR, Amaury.
A educação em tempos de Neoliberalismo. Santome, Jurjo Torres
Trabalho apresentado na semana de Letras na Faculdade Atenas Maranhense-FAMA
em São Luís, MA.(2012).
“Posso não concordar com nenhuma
das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las”
Voltaire.
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