Nascidas Para Segurar Bandeira
A manhã de 08 de Março de 1857 poderia ter
sido um dia como outro qualquer... No entanto, aconteceria algo que seria lembrado
para sempre pela humanidade. Foi neste dia que mais um grupo de mulheres se
uniu para lutar por seus direitos, elas só não imaginavam que o preço custaria as
suas próprias vidas. Alguns anos depois, a data foi transformada em uma
representação simbólica da luta feminina. Ou seja, elas conseguiram levantar a
bandeira, cabe a nós gerações posteriores, mantê-la erguida! O que me preocupa
é que a sociedade (não de forma generalizada) tem desviado ou esqueceu a real motivação
da data em questão.
É com muita felicidade que eu posso afirmar que são incontáveis o número
de mulheres que mudaram e continuam mudando a nossa trajetória. Como o espaço é
curto, selecionei apenas um número mínimo. Irei citar as Sufragistas, que por todo o mundo lutaram para fazer parte da
política por meio do voto; Mietta
Santiago, advogada mineira que de forma inteligente usou a lei a nosso favor
mostrando que a proibição do voto feminino contrariava o artigo 70 da constituição;
Luiza Alzira Soriano Texeira, primeira
mulher eleita em um mandato político no Brasil; Raquel de Queiroz, primeira mulher a entrar para a Academia
Brasileira de Letras; Maria da Penha,
uma forte mulher que lutou arduamente para que seu agressor fosse condenado.
Ela representa a luta feminina na defesa dos nossos direitos e contra violência
doméstica. Apesar da Lei Maria da Penha estar em vigor, ela ainda não é
totalmente respeitada pelas autoridades brasileiras. Infelizmente, muitas
mulheres ainda sofrem esse tipo de violência e por excesso de medo evitam
denunciar seu agressor. Todas elas
lutaram antes de obter suas conquistas, as “adversidades” não as impediu de
continuar em frente!
Por fim, vamos aplaudir as mulheres que são responsáveis por ter gerado as nossas vidas! Nossas mães, mulheres que trabalham e ganham menos, guerreiras audaciosas e destemidas prontas para enfrentar de cabeça erguida as dificuldades impostas pelo machismo diário! Não tem milagre maior que esse a de produzir cada parte de outro ser humano sustentando a criação até sua formação completa; não tem tristeza maior do que observar esse milagre se transformar em um agressor ou assassino de mulheres!
Queridas leitoras e leitores, vamos brigar para que o
objetivo dessa data não seja apenas para receber flores, chocolates e declarações
repletas da falta de prática cotidiana! Mas sim, devemos fortalecer a luta,
buscar nossos direitos sem pedir igualdade para tudo, temos que refletir mais
sobre o que pedimos, as limitações existem para ambos os sexos, somos diferentes
em muitos aspectos, portanto, não podemos pedir direitos iguais em tudo,
devemos lutar por nossas diferenças e por nossas igualdades quando nos for
necessário. As mulheres acima lutaram por algo necessário, vamos continuar com
a herança que nos foi dada, segurando a bandeira e passando-a para as gerações
futuras!
Gostaria de dedicar essa postagem a: Minha mãe (sobrevivente da violência doméstica quando eu era criança); Elizete Viana( mulher corajosa e destemida); Emicleide Viana (mulher de altruísmo e abnegação que ama incondicionalmente seu filho Autista), minhas parceiras de WhatsApp (grupo leituras picantes), Jaqueline Damasio (mulher repleta de felicidade que me faz lembrar uma fênix); a jovem Maynne Lima (a quem admiro muito por sua luta a favor das mulheres. Tenho certeza que você e Malala seriam grandes amigas) e por fim, a todas queridas leitoras!
Beijos!
Seu artigo, ou crônica, fala de muitas mulheres e de muitas lutas. Eu tenho um livro (mulheresperolas) pronto mas não publicado em que falo bastante de mulheres e de algumas lutas. A capa é composta de duas mulheres em formato de pérola e uma representa as mulheres tão bem lembradas em seu texto, as lutadoras porta-bandeiras enquanto a outra representa a mulher mais sensível, mais artista, poetisa. Como o seu escrito fala também em Fenix, resolvi anexar este poema, feito para uma heroína que, na minha opinião, sintetiza as três coisas. Já o li lá na terra dela, ouvindo Piaf.
ResponderExcluirINGRID BETANCOURT
Após seis anos eclipsado reaparece o sol de teu sorriso
Sensibilidade e força demonstra a todo instante
E muitos pesadelos são nele extravasados.
Em teu longo relato, a postura ereta
Parece dizer fadiga tu és nada, ou mesmo o tempo.
Da fibra mais resistente é o teu corpo
Do mais doce mel é teu sorriso.
De nada e para nada é o mal que nem sei se te fizeram
Pois que serviu pra temperar o aço de tuas veias
E para mostrar ao mundo a candura de tua alma.
Voltaste radiante de luz própria acumulada
No mais longo inverno polar que se conhece
Sem que os cegos animais que te prenderam
Tenham atingido o brutal intento de também cegar-te.
Nem sei se estiveste mesmo presa, pois espírito,
E ainda tão forte, não se prende.
E não renascestes pois que nunca foste morta.
Tua visão, ao contrário, está mais límpida
E arguta. És a águia, cujas asas não se cortam.
E solta e leve, linda e forte plana
Em céu de brigadeiro. É primavera.
Julho de 2008.
José Stênio Ferreira Luz
e-mail: stenioluz@yahoo.com.br