sábado, 15 de março de 2014

Uma rápida reflexão sobre o comercio literário

Uma rápida reflexão sobre o comercio literário

          Os chamados Best-sellers, livros populares constantemente apreciados na lista dos mais vendidos no mercado editorial, também conhecidos como “literatura em massa”, estão passando por uma ótima fase financeira, já que esse termo é ligado diretamente ao número de vendas. E se na capa estiver escrito: Best-Seller do New York Times é sinônimo de fama adquirida, esse é top! O aumento de blogs que trazem textos sobre livros populares cresceu consideravelmente, uma coisa puxa a outra, as pessoas adoram ler textos sobre Best-sellers, mesmo que o escritor do blog tenha apenas reescrito a sinopse ou feito uma “análise” equivocada do livro. Certa vez encontrei um comentário de uma “blogueira” dizendo que a personagem era sem cultura , já tinha lido o livro e na verdade era um cigano mestiço criado na sociedade inglesa e por isso partilhava de duas tradições, costumes, heranças etc. Achei engraçado o fato dela se arriscar a escrever tal comentário sem nem procurar o significado de cultura, pois se tivesse feito, iria descobrir que não existem pessoas sem cultura, mas sim, graus de cultura ou acultura.

           Também é comum encontrarmos em redes sociais comunidades (inclusive o Bem Instruída possui uma página no face), onde podemos compartilhar de forma rápida apenas uma pequena parte de algo maior. Até mesmo fotos, citações, novidades literárias, promoções, além da página “oficial” do livro, trilogia, série ou escritor preferido. Graças às tecnologias disruptivas, não importa em que canto do mundo você se encontra, na era do multiculturalismo estamos todos unidos por meio de uma rede e varias são as ferramentas para aumento da venda e facilidade do consumo literário.

          Para o público jovem, quantidade de leitores que mantém a venda em alta, não falta títulos e sagas distópicas nas prateleiras das livrarias. Os chamados ‘New Adult’(jovens adultos), termo que começou a ser propagado pela editora St. Martin’s Press no ano de 2009 passou a ser considerado uma categoria literária especifica. Normalmente as personagens principais são universitários que estão passando por descobertas pessoais e novas experiências. O estilo Hot, ou melhor, Hot Aprovada (sensual e erótico); além dos romances históricos que é de praxe virem acompanhados com uma pitada Hot. Ou seja, tem para todos os gostos e estilos... 
(acima temos a imagem da livraria Cultura em Recife).

          Não sejamos tão ingênuos... Os livros não são criados apenas pelo fato do escritor ter amor a escrita! Ser escritor é um oficio criativo que requer dedicação e estudo como todas as outras profissões, e naturalmente ele espera um retorno financeiro. Quando uma editora recebe de um escritor a proposta de um livro, eles a analisam dentro de uma perspectiva comercial. - O que as pessoas se interessam? O que estão lendo?- Não é por acaso que os livros eróticos para mulheres vendem tanto, afinal, nós adoramos!!
          Todavia, nem tudo que surge no cenário literário contemporâneo é de boa qualidade. Não estou construindo aqui uma crítica destrutiva a esse tipo de leitura. É fato que ninguém vive a margem do capitalismo, é inevitável. Temos apenas que sermos seletivos. Eu gosto muito de Best-Sellers, entretanto, meu gosto não me impede de ter uma visão critica. Há livros que tenho vontade de jogar pela janela, há aqueles que gosto tanto que sonho com as personagens...
          
          Só gostaria de lembrar para que busquemos um equilíbrio, pois à medida que as vendas de best-sellers aumentam, diminui a divulgação dos livros de escritores renomeados. Infelizmente a literatura brasileira e universal não são frequentemente discutidos em alguns blogs ou comunidades. E quando é feito, é para um público específico, o que só afasta a grande massa de leitores, criando preconceito. Não podemos deixar de ler Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Raquel de Queiroz, Ariano Suassuna, Ferreira Gullar, Jorge Amado, Nelson Rodrigues, Emily Brontë, Jane Austen, Júlio Verne, Victor Hugo, Edgar Allan Poe, Gustave Flaubert, Kafka... Esses escritores também escreveram sobre distopias, humor, amores impossíveis, erotismo, guerras, ficção científica, suspense, conflitos. Não devemos esquecer que eles são exemplos e inspiração para muito novos escritores, pois suas temáticas ainda permanecem contemporâneas.

Beijos.

Essa postagem surgiu dos meus diálogos com Jorge Viana, pessoa diretamente ligada ao mercado de livros. Obrigada!
       
          

Nenhum comentário:

Postar um comentário