Uma forma simples de compreender a inquietude de Kafka
Tenho que confessar publicamente meu
amor pelo dono das orelhas mais charmosas que já vi: Franz Kafka! Okay, okay!!!
Deixando de lado a brincadeira.... Nesta semana eu estava observando a pintura
de um certo artista expressionista (estilo que define e reproduz a realidade de
maneira “deformada” e inquieta) quando foi citado como exemplo literário nesse
estilo, o próprio Kafka. Para quem não sabe, meu “caso” com Kafka iniciou na
adolescência e aprofundou-se na faculdade quando apresentei um seminário analisando
uma de suas obras. Alguns meses depois ganhei uma biografia em forma de romance
chamada Kafka e a marca do corvo, da escritora Jeanette Rozsas. Tudo
bem que a autora da biografia tem uma escrita deliciosa, durante sete horas
seguidas só parei a leitura quando suas páginas foram encerradas. Enfim... Minha
sentença de amor foi cravada!
Kafka merece todo
mérito que lhe é atribuído! Escritor tcheco de língua alemã, podemos dizer que
ele definitivamente não foi o filho tão esperado de um pai que desejava apenas
continuar sua linhagem com características hereditárias idênticas aos de seus
antecedentes. Tal frustração fez com que seu pai construísse uma grande
barreira diante de seu “miúdo” e intelectual filho. E para completar a carga
problemática, para quem não sabe, Kafka era judeu, não que isso fosse um empecilho.
No entanto, nascer em uma família judaica numa época em que a segunda guerra
mundial já demonstrava traços de um conflito inevitável, não deixava a vida de
ninguém mais fácil. Mas por sorte, ele morreu antes do conflito bélico estourar,
já seus familiares não conseguiram evitar brutal destino e acabaram morrendo em
campos de extermínio construídos pelos nazistas. E para fechar de forma clichê,
sua vida amorosa foi bem instável. Noivou duas vezes com a mesma mulher (sem
sucesso em ambas ocasiões) e se envolveu com outras três que marcaram sua vida.
Mesmo com a saúde sempre debilitada
alternando entre um sanatório e outro, Kafka adorava escrever e não deixava que
nada lhe impedisse de exercer o ofício que tanto amava. Certa vez ele disse: “Tudo que não é literatura me aborrece”. Todas as coisas que ele escreveu é a
soma ou melhor, o resultado dos conflitos de seu cotidiano, relacionamento
frustrante com o pai além dos eventos e exigências sociais. Gosto de considerar
que em alguns momentos sua vida virou o “expressionismo em si” onde a realidade
tornou-se tão inquieta que foi inevitável não escrever sobre.
Outro ponto que precisamos saber é
que suas obras são parecidas em muitos aspectos, por exemplo: Universo repleto
de angustia e opressão onde o indivíduo está sozinho diante da justiça, poder,
burocracia e sociedade acrescentando que em muitos casos tudo parece hostil e
confuso. Pois é, para quem acompanha o noticiário diariamente deve pensar que são
semelhanças muito parecidas com a realidade que nos cerca. E para quem chegou a essa conclusão, posso garantir que você acertou. Kafka possui obras repletas de
reflexões que ainda podem ser contextualizadas e dialogadas em pleno século XXI, atribuindo ao
escritor uma característica de cânone literário. A maior parte de suas obras
(contos, novelas, romances, cartas e diários) foram publicadas postumamente, e
seu merecido reconhecimento aconteceu da mesma forma.
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