sábado, 8 de março de 2014

Nascidas Para Segurar Bandeira

Nascidas Para Segurar Bandeira

          A manhã de 08 de Março de 1857 poderia ter sido um dia como outro qualquer... No entanto, aconteceria algo que seria lembrado para sempre pela humanidade. Foi neste dia que mais um grupo de mulheres se uniu para lutar por seus direitos, elas só não imaginavam que o preço custaria as suas próprias vidas. Alguns anos depois, a data foi transformada em uma representação simbólica da luta feminina. Ou seja, elas conseguiram levantar a bandeira, cabe a nós gerações posteriores, mantê-la erguida! O que me preocupa é que a sociedade (não de forma generalizada) tem desviado ou esqueceu a real motivação da data em questão.       

           Essa mesma bandeira foi carregada por Malala Yousafzai, uma estudante paquistanesa nascida na cidade de Mingora, no distrito de Swat. A vida dela mudou quando o Talibã invadiu o vale de Swat trazendo por meio de uma liderança autoritária a exclusão feminina. Foi então que ela resolver romper o silêncio lutando pelo direito à educação. O dia 09 de Outubro de 2012 tornou-se o 08 de Março de Malala. Enquanto voltava da escola ela foi atingida por um tiro na cabeça a queima-roupa. Diferente do fim trágico das operárias, Malala sobreviveu, e com muita dificuldade conseguiu sair de seu país passando a viver exilada por causa do terrorismo. Hoje, essa corajosa e “precoce” ativista é a candidata mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz.


          É com muita felicidade que eu posso afirmar que são incontáveis o número de mulheres que mudaram e continuam mudando a nossa trajetória. Como o espaço é curto, selecionei apenas um número mínimo. Irei citar as Sufragistas, que por todo o mundo lutaram para fazer parte da política por meio do voto; Mietta Santiago, advogada mineira que de forma inteligente usou a lei a nosso favor mostrando que a proibição do voto feminino contrariava o artigo 70 da constituição; Luiza Alzira Soriano Texeira, primeira mulher eleita em um mandato político no Brasil; Raquel de Queiroz, primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras; Maria da Penha, uma forte mulher que lutou arduamente para que seu agressor fosse condenado. Ela representa a luta feminina na defesa dos nossos direitos e contra violência doméstica. Apesar da Lei Maria da Penha estar em vigor, ela ainda não é totalmente respeitada pelas autoridades brasileiras. Infelizmente, muitas mulheres ainda sofrem esse tipo de violência e por excesso de medo evitam denunciar seu agressor. Todas elas lutaram antes de obter suas conquistas, as “adversidades” não as impediu de continuar em frente!

          Por fim, vamos aplaudir as mulheres que são responsáveis por ter gerado as nossas vidas! Nossas mães, mulheres que trabalham e ganham menos, guerreiras audaciosas e destemidas prontas para enfrentar de cabeça erguida as dificuldades impostas pelo machismo diário! Não tem milagre maior que esse a de produzir cada parte de outro ser humano sustentando a criação até sua formação completa; não tem tristeza maior do que observar esse milagre se transformar em um agressor ou assassino de mulheres!

          Queridas leitoras e leitores, vamos brigar para que o objetivo dessa data não seja apenas para receber flores, chocolates e declarações repletas da falta de prática cotidiana! Mas sim, devemos fortalecer a luta, buscar nossos direitos sem pedir igualdade para tudo, temos que refletir mais sobre o que pedimos, as limitações existem para ambos os sexos, somos diferentes em muitos aspectos, portanto, não podemos pedir direitos iguais em tudo, devemos lutar por nossas diferenças e por nossas igualdades quando nos for necessário. As mulheres acima lutaram por algo necessário, vamos continuar com a herança que nos foi dada, segurando a bandeira e passando-a para as gerações futuras!

Gostaria de dedicar essa postagem a: Minha mãe (sobrevivente da violência doméstica quando eu era criança);  Elizete Viana( mulher corajosa e destemida); Emicleide Viana (mulher de altruísmo e abnegação que ama incondicionalmente seu filho Autista), minhas parceiras de WhatsApp (grupo leituras picantes), Jaqueline Damasio (mulher repleta de felicidade que me faz lembrar uma fênix); a jovem Maynne Lima (a quem admiro muito por sua luta a favor das mulheres. Tenho certeza que você e Malala seriam grandes amigas) e por fim, a todas queridas leitoras!

Beijos!

Um comentário:

  1. Seu artigo, ou crônica, fala de muitas mulheres e de muitas lutas. Eu tenho um livro (mulheresperolas) pronto mas não publicado em que falo bastante de mulheres e de algumas lutas. A capa é composta de duas mulheres em formato de pérola e uma representa as mulheres tão bem lembradas em seu texto, as lutadoras porta-bandeiras enquanto a outra representa a mulher mais sensível, mais artista, poetisa. Como o seu escrito fala também em Fenix, resolvi anexar este poema, feito para uma heroína que, na minha opinião, sintetiza as três coisas. Já o li lá na terra dela, ouvindo Piaf.

    INGRID BETANCOURT

    Após seis anos eclipsado reaparece o sol de teu sorriso
    Sensibilidade e força demonstra a todo instante
    E muitos pesadelos são nele extravasados.
    Em teu longo relato, a postura ereta
    Parece dizer fadiga tu és nada, ou mesmo o tempo.
    Da fibra mais resistente é o teu corpo
    Do mais doce mel é teu sorriso.

    De nada e para nada é o mal que nem sei se te fizeram
    Pois que serviu pra temperar o aço de tuas veias
    E para mostrar ao mundo a candura de tua alma.
    Voltaste radiante de luz própria acumulada
    No mais longo inverno polar que se conhece
    Sem que os cegos animais que te prenderam
    Tenham atingido o brutal intento de também cegar-te.

    Nem sei se estiveste mesmo presa, pois espírito,
    E ainda tão forte, não se prende.
    E não renascestes pois que nunca foste morta.
    Tua visão, ao contrário, está mais límpida
    E arguta. És a águia, cujas asas não se cortam.
    E solta e leve, linda e forte plana
    Em céu de brigadeiro. É primavera.

    Julho de 2008.
    José Stênio Ferreira Luz
    e-mail: stenioluz@yahoo.com.br

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